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Campos dos Goytacazes
189 anos

História de Campos dos Goytacazes - RJ

“QUANDO CAMPOS DOS GOYTACAZES NASCEU?” Um breve percurso por sua história... Em meados do século XVI, a região era denominada de Capitania de São Tomé, posteriormente Paraíba do Sul, doada, pelo rei Dom João III, a Pero de Góis da Silveira que iniciou a primeira tentativa de colonização e posteriormente seu filho Gil de Góis, que não tiveram sucesso com a instalação da Vila da Rainha. Na época, a região era habitada pelos índios Goitacá, que opuseram feroz resistência à ocupação e implantação do cultivo de cana-de-açúcar pelos portugueses, inviabilizando o projeto. A partir de 1627, com a doação do território aos chamados — Sete Capitães, a colonização baseada na pecuária, começou a se processar de modo efetivo. É o primeiro curral implantado foi em dezembro de 1633 em Campo Limpo. Em 1652, começou a instalação do primeiro engenho de açúcar na região pelo General Salvador Correa de Sá e Benevides, o aclamado “Restaurador de Angola”, marcando o início dessa importante atividade econômica. Neste mesmo ano foi inaugurada no dia 6 de agosto, a primeira capela dedicada ao Santíssimo Salvador, onde depois foi erguida a Igreja de São Francisco de Assis, localizada na Av. Treze de Maio, local onde muitos consideram como o marco do nosso primórdio. Houve também neste período a instalação de Vila oficial, tendo esta uma Câmara Municipal, concretizando a legalidade da Vila de São Salvador em 1º de janeiro de 1653, com a posse dos vereadores e a primeira sessão. Entretanto, questões políticas acabaram extinguindo esta Câmara no ano de 1657. Aproximadamente 20 anos depois, em 29 de maio de 1677, foi estabelecida novamente a Vila de São Salvador dos Campos pelo General Salvador Correa de Sá e Benevides, cuja sua descendência originou os famosos Viscondes de D’Asseca, que dominaram a região por quase um século e exploraram a população da Vila com altos impostos. Após anos de resistência os moradores da Vila participaram de várias jornadas, sendo conhecidas como as “Quatro Jornadas”, tendo a última e decisória o levante de 1748, promovido por Benta Pereira e sua filha Mariana Barreto. Finalmente em 1752 ocorreu a queda do poderio dos Assecas, devolvendo a Capitania à Coroa. A partir daí, a expansão do cultivo da cana-de-açúcar, se tornou possível pela divisão dos grandes latifúndios. A introdução do primeiro engenho a vapor na região, em 1830, trouxe grande transformação no processo da produção de açucareira. A elevação da Vila à condição de Cidade somente veio a ocorrer em 28 de março de 1835. É assim a cidade de Campos dos Goytacazes começou a ganhar projeção com a construção do Canal Campos-Macaé, que levou 28 anos para finalizar as obras, sendo inaugurado em 19 de fevereiro de 1872, com a função de escoar a produção açucareira. Logo substituído pelo aparecimento da ferrovia, em 1873, com a inauguração do trecho Campos-São Sebastião e posteriormente, em direção a Macaé e ao trecho Norte-Sul (Estrada de Ferro de Carangola), facilitou a circulação, transformando o município em centro ferroviário da região. Em 1877, são implantados, na região, os engenhos centrais e posteriormente as (usinas). Em 1890, o território do município já estava reduzido praticamente às fronteiras atuais e a partir desta época, o comando da vida cultural da região passa dos solares rurais para o núcleo urbano. No início do século XX, a cidade consolida-se como núcleo de movimentação econômica e social, com o desenvolvimento das medidas de saneamento na região com ampliação da rede de esgoto e melhorias nos serviços de abastecimento de água. Durante todo século XIX, a cidade atingiu grandes progressos, alavancados principalmente pelo ciclo do açúcar, o “ouro doce”, constituindo uma opulenta nobreza rural, com os fidalgos — considerados os barões do açúcar, sendo prestigiada pelo Imperador Dom Pedro II e sua família em várias ocasiões, como a inauguração da energia elétrica pública no ano de 1883. Embora, nossa história ainda se mantém ligada à indústria canavieira, Campos dos Goytacazes se direcionou para outras atividades econômicas, se favorecendo pelo surgimento de pequenas empresas, melhoria de suas atividades comerciais e de serviço. Tendo como desenvolvimento na história recente a atividade petrolífera através da Bacia de Campos que contribuiu, sem sombra de dúvida, para a economia local por meio dos royalties do petróleo. Depois de percorrer nossa história, se põe em questão quando Campos dos Goytacazes nasceu? Ou seja, qual a data de aniversário de nossa cidade? Temos hoje diversas datas supostas para comemorar a fundação do município: (6 de agosto de 1652), (1º de janeiro de 1653), (29 de maio de 1677) e (28 de março de 1835). Desmistificar estas datas não quer dizer renegar nosso patriotismo. Ao contrário, é uma forma de esclarecer aos campistas como se deu o processo de ocupação desta região, comemorando neste ano: 369 anos da construção e missa da primeira capela em louvor ao Santíssimo Salvador; 368 anos da instalação da primeira Vila de São Salvador pelos heréos; 344 anos de instalação da segunda Vila pelo General Salvador Correa de Sá e Benevides, que segundo Alberto Lamego, renunciou seus benefícios à favor de sua descendência os Viscondes de D’Asseca; e os 186 anos de cidade, intitulada de Campos dos Goytacazes, como homenagem aos primeiros habitantes de nossa planície. Para resolver tal problematização histórica o IHGCG — Instituto Histórico e Geográfico de Campos, propôs uma Assembleia Geral Extraordinária, realizada em 28 de novembro de 2019, na Emugle — Escola Municipal de Gestão do Legislativo, onde foi deliberada entre os pesquisadores e historiadores a data de (1º de janeiro de 1653). No entanto, a definição da data de aniversário do nosso município, continua em aberto, aguardando a formalização desta decisão através de Lei Municipal a ser sancionada pela Câmara Municipal. Texto escrito pela historiadora Graziela Escocard, tendo como referências: FEYDIT, Júlio. Subsídios para a História dos Campos dos Goitacazes. Rio de Janeiro, 1979. Ed. Esquilino Ltda. LAMEGO, Alberto Ribeiro. O Homem e o Brejo. Rio de Janeiro: Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística - Conselho Nacional de Geografia, 1945. OSCAR, João. Escravidão & Engenhos. Rio de Janeiro: Achiamé, 1985.